6+ coisas que aprendi na Flip.
De quarta (dia 03) a domingo da última semana aconteceu a XI Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Primeiro festival literário brasileiro, surgiu inspirado no inglês Hay-on-Wye Festival e já há alguns anos vem inspirando outros tantos Brasil afora. Agora chegou a vez de inspirar para além de nossas fronteiras. Depois de servir de modelo para eventos nacionais como a Fliporto (Porto de Galinhas), a Flop (Ouro Preto) e a Flipoços (Poços de Caldas), em novembro acontecerá a Festa Literária Internacional de Sintra (Flis), em Portugal, e um mês antes, a FlipSide, em Snape Maltings (Inglaterra). Tanto o festival português quanto o inglês seguem a receita que mistura festa, criação literária e mercado editorial num cenário deslumbrante, e que há 11 anos vem encantando os brasileiros que gostam de literatura. Mas qual a importância de ir a um festival literário? Eu estive na Flip desse ano e nesse artigo vou dar 6+ motivos para frequentar um evento literário.
As 6+ coisas que aprendi na Flip
1. Há sempre dois festivais acontecendo simultaneamente dentro do mesmo evento.
De um lado, há os leitores. Aqueles que são apaixonados por livros e veem nos festivais de literatura uma oportunidade de estarem perto de seus escritores prediletos, pegar um autógrafo e, quem sabe, até mesmo trocar algumas palavrinhas. De outro, há os que respiram, ou querem respirar, o mercado editorial. Não são os que se apaixonam pelas histórias dentro dos livros; são os que criam essas histórias. E esses até vão para os festivais para ouvir o que os mais consagrados têm a dizer, mas também (e às vezes principalmente), para verem e serem vistos por seus pares, escritores e editores.
2. Diversão e trabalho andam lado a lado.
Num festival de literatura, um almoço nunca é apenas um almoço, assim como um chopinho ao final da tarde não se resume a um momento de descontração depois de um dia agitado. O que pode parecer diversão é, sim, diversão, mas também trabalho. Uma conversinha num charmoso café pode ser a oportunidade de falar sobre seu projeto a algum editor. Encontrar um conhecido no meio da rua pode levá-lo a ser apresentado a alguém que se interesse pelo seu original. E uma pergunta em meio a uma palestra pode fazer com que as pessoas prestem atenção em você e em suas ideias, e queiram prolongar o papo mais tarde.
3. Renove seu estoque de cartões pessoais.
Se há algo que você não pode esquecer de colocar na mala são seus cartões pessoais. Pode parecer besteira, mas ter um cartão à mão quando conhece alguém faz a maior diferença. Isso é parte de um ritual, afinal você quer ser lembrado no mercado editorial, então nada melhor do que um cartão para fazer-se lembrar. E anotar seus contatos em um pedaço de papel não tem o mesmo efeito. Se o cartão tiver algo que o diferencie dos demais, melhor ainda. Que tal utilizar alguns recursos de escrita criativa para torna-lo atraente? E lembre-se de levar uma boa quantidade para não correr o risco de ficar sem cartões no meio do festival.
4. Crie um diferencial.
Levar cartões de visita para festivais literários é fundamental, mas há algo mais que você pode fazer para tornar sua imagem marcante. Crie algo diferente que surpreenda, ou pelo menos encante, as pessoas. Na primeira vez que fui à Flip ainda não tinha publicado meu primeiro livro, então produzi pequenos livretos em formato A5, similar àqueles que são distribuídos nas livrarias para divulgar um novo lançamento. Nele, coloquei um conto meu e uma pequena biografia, foto e contato. Distribuí o pequeno livro-demo para as pessoas com quem conversava ou era apresentada: escritores, divulgadores e, principalmente, editores. O material surpreendeu as pessoas e tornou mais fácil às pessoas se lembrarem de mim. Esse ano distribui marcadores de livro onde, além dos meus contatos, coloquei as capas dos meus livros. Quem gosta de livros precisa ter marcadores sempre à mão (e geralmente mais do que um). Assim, eu e meus livros estaremos sendo sempre lembrados nos momentos de leitura.
5. Frequentar festivais literários como a Flip é essencial para quem quer entrar (ou já está) no mercado editorial.
Fazer literatura costuma ser uma atividade muito solitária. A menos que você faça parte de um grupo de criação literária e tenha a oportunidade de compartilhar experiências, normalmente escreve-se só. O passo seguinte, que é tentar a publicação do livro, também é feito geralmente sem ajuda de ninguém. Frequentar festivais literários aproxima pessoas com o mesmo interesse, e interesses complementares. Editores estão sempre em busca do autor que será a nova (e rentável) sensação do mercado editorial, enquanto escritores estão sempre em busca de editores que queiram apostar em seu talento. Quem sabe no próximo festival você não encontra a editora que publicará seu primeira livro?
6. Você pode participar de oficinas literárias.
Alguns festivais, como a Flip, oferecem uma oficina literária durante o evento. Os interessados participam de uma seleção prévia, geralmente a partir da submissão de um texto, e a oficina costuma ser ministrada por algum escritor conhecido. Por isso fique atento à página do evento, onde são divulgados o prazo e condições de participação. Assim, além de tudo o que já foi dito acima, você ainda pode usufruir de aulas de criação literária com quem realmente entende do ofício, e sem pagar nada por isso. Participei da oficina literária da Flip em 2005, e quem ministrou as aulas foi o escritor pernambucano Raimundo Carrero. Grande parte das técnicas que aplico hoje na produção de meus textos vieram das preciosas aulas de criação literária que tive com ele.
7. Fique atento aos concursos literários.
Você pode participar de um festival de literatura e, ao mesmo tempo, estrear no mercado editorial. Que tal? Isso porque alguns eventos desse tipo costumam promover concursos literários meses antes do festival. A Flip, por exemplo, conta com o Prêmio Off-Flip (organizado pela programação paralela ao evento), que lança durante a festa o livro produzido pelos autores selecionados. Fique atento!
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