JK Rowling e outros escritores publicam sob pseudônimo.
Foi notícia recentemente na mídia que a escritora inglesa JK Rowling, famosa pela série infantojuvenil Harry Potter, é a verdadeira autora por trás de The Cuckoo’s Calling. O livro, lançado na Inglaterra em abril, é um romance policial e traz na capa o nome de Robert Galbraith. A notícia sacudiu o mercado literário, mas Rowling não é nenhum caso fora do comum. Nesse artigo vamos ver que, em termos de criação literária, vem de muito tempo o hábito de escritores usarem pseudônimos em suas obras.
Por que usar pseudônimo?
Na literatura brasileira, talvez o caso mais famoso seja o de Suzana Flag. A autora escrevia romances repletos de mocinhas inocentes, vilões e mocinhos apaixonados. As histórias dos amores impossíveis foram publicadas em formato de folhetins nos jornais brasileiros de 1944 e 1948, mas guardavam um segredo a mais. Suzana Flag era o pseudônimo do escritor, jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues.
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JK Rowling / Foto: International Business Time |
Nelson decidiu escrever as histórias sensuais creditadas a Suzana sob pseudômino para aventurar-se no gênero melodramático, um estilo diferente dos livros e peças que costumava escrever. Criar histórias em gêneros distintos dos quais é conhecido é um dos principais motivos que fazem escritores optarem por usar um nome diferente.
Outro motivo é lançar uma nova obra sem a cobrança de que seja necessariamente um sucesso, no caso de escritores consagrados. Esse foi o motivo alegado por Rowling em entrevista ao jornal Sunday Times: lançar um livro sem o burburinho que seu nome causa hoje em dia. A escritora já havia lançado um livro para o público adulto após o término da série de literatura infantojuvenil,
Morte Súbita, usando seu próprio nome na capa.
Veja como o caso foi descoberto pelo jornal. Há também escritores que, por não conseguirem um bom retorno do mercado editorial, decidem adotar (ou trocar) um pseudônimo e com isso ter novas chances junto aos editores.
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Nelson Rodrigues/ Foto: O Globo |
Outros escritores que adotaram pseudônimos
Ao contrário de JK Rowling, que adotou um pseudônimo para ingressar no romance policial, Agatha Christie, conhecida justamente como a Rainha do Crime, escreveu seis romances de época sob o nome de Mary Westmacott. A conhecida romancista Nora Roberts é outra que ao investir num novo gênero literário, o suspense futurista, resolveu lançar mão de um novo nome também: JD Robb.Mas há autores que não precisam mudar de gênero literário para adotarem esse recurso. O mestre do terror Stephen King é um deles. Com uma produção literária intensa, mais de um livro por ano, e sem querer saturar seu nome no mercado editorial, King criou Richard Bachman. Mas não foi apenas um nome. O autor criou uma personalidade, inclusive uma esposa, para seu alter-ego e publicou sete livros como Bachman.E se o assunto é criar personalidades completas para seus pseudônimos, o português Fernando Pessoa é o escritor que foi mais longe. Ele criava biografias e características singulares para suas dezenas de heterônimos. Os mais famosos foram Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis. Aqui no Brasil, também tivemos um escritor que não se contentava em ter apenas um pseudônimo. Machado de Assis recorria à criatividade para criar os nomes sob os quais publicaria suas crônicas mais polêmicas: Boas Noites, João das Regras e Victor de Paula.
Mas o caso mais singular parece ser o do escritor Evan Hunter, autor de vários livros e roteiros, como o do filme Os Pássaros, filmado por Alfredo Hitchcock. Hunter escreveu um romance em parceria com seu pseudônimo mais famoso, Ed McBain. O livro é dividido em duas partes. A primeira, com teor psicológico, é assinada por Hunter, enquanto a segunda segue o estilo policial de McBain, e traz a sua assinatura.
E você, conhece outros escritores que utilizam, ou utilizaram, pseudônimo? Conte pra gente.
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