O que dói mais do que vacina?
Tomar vacina costuma ser uma das coisas que as crianças mais temem e evitam, mas será que tem algo que dói mais do que vacina? A escritora e ilustradora Sandra Ronca tomou emprestada uma história de sua infância e nos brinda com um delicado e surpreendente livro infantil, Dia de Vacina. Nessa resenha, conheça um pouco mais sobre a menina que não tinha medo de vacina.
O livro
Era uma vez uma menina, assim mesmo, sem nome, que era o orgulho da mãe porque nunca reclamava de tomar vacina. “Nunca a menina chorava e feliz um sorvete ganhava”, nos conta a autora bem no comecinho do livro. E logo vamos gostando dessa menina, criada nos
versos e traços de Sandra, que rima as cores da sua história como quem desenha versos.
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Capa do livro |
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Mas, como em toda boa história, é chegado o dia em que o inesperado se revela. Para a menina, ” Aquele dia estava esquisito: tinha, além da menina, um menino”; para nós, leitores, “Ela não quer. Ela fala, ela berra, ela grita, ela chora”. O que teria acontecido com a menina para de repente rebelar-se assim?
Como num dueto, a escritora e ilustradora vai costurando vozes que se complementam, que desafiam o olhar, vagando ora do texto para a ilustração, ora da ilustração para o texto. E, à medida que aumenta a intensidade da revolta da menina, cresce em intensidade o traço da história. De mãos dadas, como a menina e a mãe ao final do livro saindo do posto de vacinação, palavras e desenhos constroem uma narrativa cujo maior mérito está na simplicidade encantadora com que traduz sentimentos tão complexos dentro do universo infantil.
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Sandra Ronca/Foto: AELIJ |
Destaque
O escritor argentino Julio Córtazar costumava dizer que no conto o autor vence o leitor por nocaute, enquanto no
romance, a vitória se dá por pontos. Se pensarmos que livros infantis guardam muita semelhança com contos, dada a sua estrutura e brevidade, temos aí uma bela lição do mestre Córtazar. Lição que Sandra Ronca aplica sabiamente em
Dia de Vacina. Ela “nocauteia” o leitor ao final da história com uma adorável e singela surpresa, o que mostra, mais uma vez, que é possível falar de grandes temas de um jeito simples e sincero.
Então, fica aqui a dica: assim como Sandra, reserve uma surpresa para seu leitor ao final da história. Dê uma sacudida, faça com que o imprevisto tome lugar do esperado e ofereça a chance de ele experimentar uma sensação diferente. E isso vale também para livros infantis. Mostre às crianças que a vida é assim, cheia de surpresas e mudanças inesperadas. Basta virar a esquina, ou a próxima página.
Dia de Vacina
Texto e ilustrações: Sandra Ronca
Editora Rovelle, 2010
E para você, o que dói mais do que vacina?
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