Como fisgar o leitor já no primeiro parágrafo.
Há quem diga que um livro pode até começar bem e terminar mal, mas dificilmente um livro que tenha começado mal consegue terminar bem. Daí já se pode ter uma noção da importância de um primeiro parágrafo que prenda o leitor para o resto da leitura. No último artigo foram mostradas
aberturas instigantes de livros que ficaram famosos. Hoje serão dadas dicas de criação literária para construir um começo criativo e atraente.
Descobrindo como fisgar o leitor
O primeiro encontro com o texto é a porta de entrada para o universo que você criou, por isso deve ser impactante o suficiente para que o leitor fique positivamente impressionado e estimulado a prosseguir. Para isso é importante que o tom adotado já seja o que se pretende impingir a toda a história.
Ao abrir essa porta e dar início à leitura, o leitor já vem com uma série de expectativas que foram criadas e alimentadas por diversos fatores, tais como o título da obra, a capa, o material publicitário divulgado na mídia e até mesmo a opinião de amigos e críticas literárias publicadas na imprensa. Isso tudo ajuda a formar uma ideia do que ele receberá ao longo do texto. Se você começar com um tom e depois mudá-lo, ele poderá se sentir frustrado ou enganado.
Por exemplo: se a sua história for uma aventura, o livro deve começar com uma boa cena de ação, ditando desde o início o tom agitado da narrativa. Por outro lado, se a sua história for estilo comédia romântica, começar com uma cena de ação só criará falsas expectativas ou, ainda, poderá desestimular o leitor de prosseguir por achar que o que se segue não é o que imaginava.
Apresentando o protagonista
Em literatura, uma boa forma de começar o texto é criando uma cena na qual o leitor possa conhecer o
protagonista e suas principais características. Mas não conte quem é esse personagem, mostre. Ou seja, em vez de dizer que ele é metódico ao extremo, descreva uma cena na qual ele vai sair de casa mas sua saída é atrasada por conta do seu excesso de organização.
Narre como arruma todas as toalhas de forma a ficarem simetricamente penduradas no banheiro, como ajeita o tapete do quarto antes de continuar, como passa pela sala e vai alinhando as cadeiras ao redor da mesa, e assim por diante. Ao final da cena será possível ter uma ideia exata de quem é essa pessoa sem que seja necessário adjetivá-la.
Momento-chave da trama
Alguns escritores preferem
iniciar o livro impactando o leitor com o que seria a principal cena do livro. De cara já é apresentado o evento que desencadeará, ou desencadeou, toda a ação narrativa. Isso não quer dizer que todo o restante da história estará localizada após a cena inicial. Você pode trabalhar utilizando flashbacks, então o desenrolar da narrativa representa, na verdade, tudo o que veio antes daquele início.
A vantagem dessa técnica é a quase certeza de que o leitor será fisgado de imediato, já que você o brinda de saída com o evento que sustenta a narrativa. Se a cena for um crime, por exemplo, você tem a seu favor a curiosidade comum de se descobrir quem é o culpado, ou culpados. Uma noiva fugindo no meio de seu próprio casamento é outra situação que desperta o desejo de chegar até o final.
No entanto, é preciso muito atenção com os excessos. Impactar o leitor não significa revelar o jogo de cara e eliminar qualquer expectativa. Se você der detalhes demais, explicações demais, ações demais, pode esgotar seus recursos, sufocar o leitor e tirar dele o gostinho de acompanhar a história.
Possibilidades inesgotáveis para fisgar o leitor na abertura
São inúmeras as possibilidades dentro da criação literária para começar um texto narrativo. Tudo depende do efeito que você pretende causar em seu leitor, do que pretende antecipar da história ou do que quer manter em segredo, por enquanto. Cada história pede um início condizente com sua estrutura, seu tom ou sua trama.
Citações ou declarações de personagens, descrição de um momento histórico, utilização de um evento real para situar a narrativa, aberturas cinematográficas onde o poder da imagem é quase palpável…
Experimente! O que funciona para um texto não necessariamente funciona para outro. Se achar que não ficou bom, mesmo que seja lá pelo meio ou final do livro, reescreva. Afinal, criar histórias é a arte de reescrever sempre. Principalmente ser for a porta de entrada para a sua viagem literária.
E você, tem alguma técnica preferida para começar um texto? Compartilhe nos comentários!
Tags: criatividade | exercício criativo | literatura | livro | técnica