Nina e a lamparina: sonhos bons sobrevivem ao escuro?
Assim que o sol se põe vai embora qualquer possibilidade de se ter sonhos bons, afinal no escuro só dá pra sonhar com monstro, bruxa e fantasma – era nisso que acreditava Nina do alto de seus cinco anos e meio. Mas como espantar os pesadelos sem afetar a família inteira? Em Nina e a lamparina, Claudia Nina constrói uma bela história para falar do medo de escuro, mas também de como o amor entre mãe e filha é capaz de superar os grandes temores da infância e iluminar uma vida inteira pela frente.
Nina e a lamparina – o livro
Medos vêm com muito mais facilidade do que vão, e de maneira muito mais inexplicável. Apesar de algumas vezes encontrarmos o fio da meada que parece nos levar até sua origem, quase sempre suas raízes são muito mais profundas do que supomos em nossa vâ filosofia diária. Ainda mais se tratando de medos que povoam a infância, essa terra fértil de seres que se alimentam de inocência e de sonhos maiores que nossa própria realidade. “Quando via a rua lá fora perdendo as cores do dia, a menina dizia que alguém tinha desligado a luz do sol sem pedir licença.
– Mas que falta de educação!”, indigna-se Nina como a desafiar o imutável.
Nina estava cansada de sonhar com monstros, queria a luz acesa para ter sonhos brilhantes. A mãe de Nina estava cansada de velar o medo da filha, queria as luzes apagadas para ter noites de sono aconchegantes. E Claudia Nina, que vestiu os temores da pequena Anne com o traço firme de sua literatura, deu-nos sua história transformada numa linda fábula moderna. Como quem desvela um novelo encantado, a autora vai encantando e enredando o leitor numa prosa travestida de poesia – ou seria o contrário? É Claudia Nina quem escreve, com a mesma mão que busca na escuridão acender os sonhos da filha de uma maneira que só as mães são capazes: “Até que um dia, a mãe teve uma ideia. Comprou para Nina uma pequena lamparina e disse a ela que aquela seria sua luz de estimação”.
Claudia Nina nos presenteia com um texto tão doce quanto contundente, já que expõe suas dores e fragilidades de mãe numa história onde sensibilidade e precisão narrativa caminham lado a lado. E, ajudando a iluminar as noites de Nina, estão as ilustrações de Cecília Murgel. O traço detalhado da artista evoca os medos e os anseios da menina, numa aquarela que acompanha e ressalta as qualidades do texto.
Destaque
Stephen Koch, autor e professor de Redação Criativa, já escreveu que “a infância é, sob todos os aspectos, um berçário de narrativas”. Claudia Nina soube, de forma perspicaz, identificar em sua própria experiência uma história que se faz universal – como são as grandes obras da literatura. E, ao transpor a realidade para o imaginário coletivo, rompeu suas próprias fronteiras criando uma obra significativa e essencial às prateleiras das crianças de todas as idades. Por isso, se você está atrás de boas ideias, não despreze suas histórias de infância – da sua própria, de seus irmãos, primos ou filhos. Elas constituem matéria-prima valiosíssima a partir da qual narrativas memoráveis são construídas – mesmo que na versão final não consigamos identificar com precisão essa origem.
Nina e a lamparina
Claudia Nina
Ilustrações de Cecília Murgel
DSOP, 2013
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