Cristina Villaça: a arte de viver histórias.
Escrever histórias, contar histórias, ensinar sobre histórias… essa parece ser a equação perfeita para quem respira Literatura Infantojuvenil. Mas será que haveria algum outro desafio para a escritora Cristina Villaça, que é também contadora de histórias e professora de literatura infantil? Ilustrar uma história, ou um livro. E esse desafio ela acaba de vencer com o lançamento de sua mais recente obra, Minha Festa de Faz de Conta, que escreveu em parceria com a filha Carolina Villaça Parker e para o qual desenhou as vinhetas. O livro, repleto de receitas de personagens infantis (como a Peter Pan-queca), acabou de chegar às livrarias. Abaixo você saboreia uma deliciosa entrevista com a autora.
Minha vida de faz de conta
Cristina Villaça é daquelas pessoas que é impossível passar ao lado e não se contagiar pela sua vivacidade. Quando se a conhece melhor, dá para acreditar que ela seja uma dessas personagens de faz de conta, saída de dentro de um livro infantil. Isso porque Cristina vive as histórias que povoam nosso imaginário em suas mais diversas formas. Autora de quatro livros infantis já lançados – e outros no forno – e do CD de músicas para crianças Trem de histórias – no qual também cantou, ela também participa de vários projetos como contadora de histórias, dá aula de literatura para crianças e faz visitação a escolas para difundir o gosto pela leitura entre os pequenos. Isso tudo com jeito travesso no olhar que muito lembra a boneca Emília de Lobato.
O que apareceu antes, a escritora ou a professora de literatura infantil?
Cristina Villaça: A professora chegou primeiro, mas o desejo de escrever vem de longe! Escrevo desde menina, e, nos tempos da faculdade de Letras, não me sentia pronta. Excesso de autocrítica. Depois veio o teatro, a necessidade de escrever peças e adaptar contos para minhas aulas forçou a escritora, que ainda está em formação. O aprendizado não acaba nunca. O convívio com as crianças, a arte de contar e a pesquisa são meus verdadeiros trunfos.
Você também é contadora de histórias. Em que a arte de contar colabora com a arte de escrever histórias?
Cristina Villaça: É fato que a literatura oral é anterior à literatura autoral, a fala sucede à escrita. A literatura infantil começa lá atrás, na exemplaridade dos contos narrados oralmente, no acalanto das avós contadeiras e no relato dos viajantes. Eu me utilizo muito da arte de contar histórias para aprender com ela a escrever melhor. As pausas, as sensações provocadas na plateia, o acento dado a esta ou aquela palavra… Uma infinidade de situações que vivencio quando estou a contar me ajudam a formular melhor o meu texto.
De onde vêm suas histórias e seus personagens?
Cristina Villaça: Memórias de uma infância feliz. Outra coisa: observo muito as crianças, sua inteligência e vivacidade. A leitura de livros de meus ídolos e também dos colegas, amigos que tenho feito nesta jornada feliz que é a Literatura Infanto-juvenil também me ajudam a encontrar meu estilo.
Como é o seu processo de criação?
Cristina Villaça: Apesar da minha tentativa quase compulsiva de procurar impor uma rotina, a inspiração acontece de repente, ao acordar, ao ler um poema, ao ouvir uma canção, ao ver uma paisagem. Tenho sempre um bloquinho e uma caneta. Às vezes estou caminhando, ou dirigindo e tenho uma ideia, uma fala. Algumas vezes repito uma frase mentalmente até conseguir parar o carro e escrever para não esquecer. É gostoso. Mas depois é repetir, reler infinitas vezes, apagar, consertar, mudar, transformar, ler em voz alta. E finalmente ter a coragem de mostrar para alguém. Ou seja, primeiro vem a piração depois é transpiração.
Você já gravou um CD com músicas para crianças. Como surgiu esse projeto e como a música e a literatura se entrelaçam nele?
Cristina Villaça: Um amigo me disse uma vez que meu texto se assemelha às composições populares, pois obedecem a um padrão: primeira parte, estribilho, segunda . O projeto do cd foi uma tentativa de registrar parte de um show, No mundo da lua, que montei com a Companhia Malasartes no final dos anos noventa/comecinho de 2000. Cantávamos e contávamos histórias em praças, escolas, bibliotecas. Muito prazeroso. Quem canta seus males espanta.
Você costuma fazer visitas às escolas e conversar com as crianças sobre seus livros. O que esse contato com elas traz para a sua literatura?
Cristina Villaça: Enriquecem demais. Uma coisa é dividir minhas histórias com meus alunos, pois temos a intimidade do dia a dia, mas, como escritora, preciso ir onde o público está, como diz a canção. As reações de um público novo, que não me conhece são de grande valia.
Você está lançando o livro Minha festa do faz de conta, onde apresenta receitas relacionadas a personagens de histórias infantis, e o texto foi escrito em parceria com sua filha, Carolina Villaça Parker. Como surgiu esse livro e como foi escrevê-lo a quatro mãos?
Cristina Villaça: Dupla delícia: unir literatura e culinária, duas paixões e, ainda mais, na companhia de minha filha querida… quase um sonho! Carolina sempre amou cozinhar, desde menina. Achamos que seria uma deliciosa aventura escrever a quatro mãos. E este projeto só seria possível se editado pela Escrita Fina Edições.
As ilustrações do livro também são suas. Como foi criar texto e ilustração conjuntamente?
Cristina Villaça: Quisera um dia ser uma ilustradora…Por insistência da Carolina e do Daniel, meu filho, que sempre me viram desenhar e, especialmente, pelo estímulo da Laura van Boekel, minha editora, que sempre me desafia, só consegui realizar as vinhetas do livro graças aos três.
Que dica você daria para quem quer escrever para crianças?
Cristina Villaça: Conviva com crianças, escreva todos os dias, mostre seu trabalho para outros escritores, leia os clássicos para a infância, leia , leia, leia e, sobretudo, estude português. Temos uma língua tão linda e tão complexa, porém tão menosprezada pelos falantes brasileiros. É preciso amar a nossa língua para, assim, compor com ela. Literatura é essencialmente a palavra escrita.
Que conhecer mais sobre Cristina Villaça? Então visite o blog dela.
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