Rosa Formosa: infantil com ares de gente grande.
Histórias que nos aquecem, nos instigam, nos surpreendem. Histórias que vêm envoltas em palavras, sentimentos e sobressaltos. Histórias que se intrometem, fincam o pé e se recusam a nos deixar mesmo – ou especialmente – após a última página do livro. Histórias como a de Rosa Formosa, infantil de Andrea Viviana Taubman, cuja resenha você lê abaixo.
Rosa Formosa, o livro
Não se iludam ao encontrar Rosa Formosa na seção infantil da livraria. Essa pequena flor, acostumada a esconder-se e travestir-se do que não é como técnica de sobrevivência, faz as vezes de literatura para criança só pra chegar de mansinho, com esse jeito doce e despretensioso, e fazer sobressaltar o coração dentro do peito. Angústia, carinho, medo, ternura: não são poucas nem rasas as emoções vividas ao longo do texto. E como quem não quer nada, a história se agiganta e toma ares de gente grande, sem no entanto perder o encantamento dos pequenos – que vivenciarão seus pequenos grandes medos ao envolverem-se com o destino da protagonista.
A autora vai construindo sua fábula moderna com uma delicadeza de narrativa que quase é capaz de minimizar a pungência da história, não fosse a hábil escrita capaz de traçar um adorável jogo lúdico onde as palavras ora escondem ora revelam o que há além. A escrita atenta parece temer que uma palavra fora de lugar, uma frase mais afoita, seja capaz de despetalá-la – a Rosa e a história.
A pequena semente esquecida no jardim enfrenta o temor do desconhecido e da rejeição: “O medo tomou conta do corpinho de semente de Rosa Formosa, que, desesperada, imaginava como sobreviveria no jardim, onde nenhuma flor vivia”. Rosa Formosa, obrigada a viver em um ambiente pouco afeito à sua natureza, resiste a crescer, a desabrochar, a mostrar-se como verdadeiramente é. E alguém, destinada a tanto, é capaz de contentar-se com tão pouco? “Rosa Formosa percebeu a ameaça daquelas plantas, mas acreditou que, enquanto fosse simplesmente verde, a deixariam de lado e talvez nem se lembrassem de estava ali.”
Mas uma flor não é flor enquanto não cumprir seu destino, que é florescer. E, à medida que o inevitável se aproxima, o texto floresce, e cresce, e desabrocha. As delicadas ilustrações de Eliana Delarissa acompanham o jogo de Andrea, num esconde-esconde primoroso: há momentos em que o traço revela as sutilezas do texto e, em outros, apenas sugere o que paira na narrativa desabrochada. E, com a leveza dos que se sabem fortes, e portanto invencíveis, Rosa Formosa vai florescendo sua história em um mundo de plantas robustas repletas de vaidades e rivalidades. Uma história que vai criando raízes daqui do lado de fora, onde não raro pequenas rosas precisam criar grandes espinhos antes mesmo de verem nascer seus primeiros botões.
Rosa Formosa
Andrea Viviana Taubman
Ilustrações de Eliana Delarissa
Editora Paulus, 2013
Para saber mais sobre a autora de Rosa Formosa, visite o blog de Andrea Viviana Taubman.
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