O mundo está em guerra. Mas não é uma guerra entre nações mundiais que disputam território e poder. É uma guerra entre seitas vampirescas que disputam território e poder. Uma guerra oculta à imensa maioria dos mortais é o pano de fundo para a trama e sub-tramas de Fim dos Tempos, novo livro de Juliano Sasseron.
O romance, ambientado em cenários como Poços de Caldas, em Minas Gerais, e Turim, na Itália, intercala conflitos pessoais – o protagonista Gilliatt sofre pela perda da mulher grávida para um vampiro – e universais – como a já citada guerra dos seres da noite. Gilliatt, que é um caçador de vampiros, transita entre essas duas esferas tentando sobreviver à sua dor, manter-se sóbrio e, ao mesmo tempo, realizar o seu trabalho.
As sub-tramas alternam-se capítulo a capítulo de forma que o leitor acompanhe simultaneamente as cenas que transcorrem nos diferentes cenários. Acompanhamos o drama pessoal de Gilliatt, sua dedicação à Irmandade e a história do mago das trevas, o necromante Pest, às voltas com uma experiência perturbadora.
O fim dos tempos está se aproximando, como já anuncia o título do livro. E ele vem em forma de uma nova espécie de vampiros, os diluídos, que não apresentam as mesmas fraquezas que seus semelhantes. Juliano faz uma precisa construção do suspense que enreda a narrativa, criando um pacto com o leitor desde o início e captando o interesse para o desenvolvimento do enredo. Sua narração do mundo fantástico é bem construída e envolvente, o que por vezes contrasta com a descrição que faz do mundo comum, bem menos eficiente do que a outra. Contribui para isso o uso de palavras desnecessariamente coloquiais que, a despeito de sua intenção, acabam por destoar do restante do romance e quebrar a sintonia entre leitor e texto.
Apesar de o autor em alguns momentos estender-se em narrações supérfluas – porque tendem a explicar e romper o acordo autor-leitor – o texto como um todo traz bons acertos. Um bom exemplo é o protagonista, que Juliano desenvolve muito bem desde o início. O autor cria uma forte empatia entre Gilliatt e o leitor, que passa a importar-se com o personagem, criando um vínculo importante para o desenrolar da história. À medida que corre a narrativa, esse vínculo vai sendo fortalecido com o auxílio bem utilizado de flashbacks que ajudam a entender melhor o comportamento e as atitudes do protagonista. E o autor faz isso no momento certo, sem cair na tentação de apressar-se e apresentar toda a história anterior de Gilliatt logo de cara.
Com um universo bem construído e sedimentado, este é um romance fantástico que vale a leitura, já que os pequenos excessos pontuais não comprometem o resultado final. Mas é bom se apressar, afinal o fim dos tempos está chegando!
Fim dos Tempos
Juliano Sasseron
Editora Novo Século, 2013
416 páginas
ESCREVA HISTÓRIAS INESQUECÍVEIS
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