Ser escritor: mentiras que contam por aí

Você já deve ter ouvido alguma dessas por aí. Tal qual lendas urbanas, mentiras sobre ser escritor se propagam indefinidamente. Pois este artigo irá desmistificar algumas das mais repetidas para você nunca mais se deixar enganar – ou desestimular – por elas.

Verdades e mentiras de ser escritor

As mentiras sobre ser escritor tanto atraem quanto desestimulam quem quer investir na carreira literária. Cabe identificá-las e fugir delas. A verdade é que quem está de fora pouco conhece desse mercado e, seja qual for o motivo, acaba ajudando a reforçar certos mitos sobre a profissão. Alguns deles estão na lista abaixo e são responsáveis por criar uma imagem completamente equivocada do que é ser escritor. Portanto, se você tem intenção de desenvolver uma carreira literária e ainda não o fez devido a tanta coisa que ouve por aí, prepare-se para rever sua posição.

Mentiras mais comuns sobre ser escritor

1. Para ser escritor você só precisa ter talento
Criou-se o mito de que o escritor é um ser tocado por um dom, alguém que já nasceu predestinado a escrever e que isso por si só já é o suficiente. Por isso é muito comum encontrar aspirantes a escritor que não evoluem, durante anos e anos apresentam os mesmos problemas de texto, os mesmos erros, os mesmos fracassos. E há os que, por acreditarem não ter nascido com tal “dom”, sentem-se incapazes de virem a ser escritor e abandonam seu sonho sem nem mesmo tentar. É claro que alguns têm mais facilidade do que outros com a escrita e a criação de histórias, mas só isso não basta. Ser escritor é dominar as técnicas do seu ofício, técnicas que podem ser aprendidas – para uns mais facilmente, para outros com mais esforço -, mas sem as quais o talento por si só não apresenta grandes resultados.

2. Escritor não precisa aperfeiçoar-se
Essa mentira sobre ser escritor é um desdobramento da número 1. Os que acreditam terem nascido com o talento não veem necessidade de estudar, frequentar cursos, oficinas, trocar ideias com outros escritores, aperfeiçoar-se. Assim como qualquer outro ofício, é preciso aprender a dominar suas ferramentas, suas técnicas e processos, exercitar-se. A prática traz a perfeição (ou, pelo menos, algo perto dela), por isso mesmo quem sinta alguma dificuldade com os meandros da arte da escrita pode aprender a lapidá-la e torná-la mais eficiente.

3. Ser escritor é moleza
Afinal, se o escritor já nasce escritor, talentoso por natureza, qual o trabalho que ele tem? Verdade? Mentira! O escritor trabalha tanto quanto qualquer outro profissional – na medida em que encara a literatura como um ofício, e não um hobby. O leitor, que vê o livro pronto na vitrine da livraria, não tem noção do quão trabalhoso foi escrevê-lo. Jamais a primeira versão de um texto é publicada. Desde o primeiro esboço até o texto definitivo muitas água correu. Acertos, erros, dúvidas, noites em claro, recomeços, mudanças e tempo, muito tempo, até que finalmente a história seja considerada “pronta”. Portanto, se o que você buscava em ser escritor era uma vida “boa”, sem muito trabalho, é melhor repensar a sua escolha.

4. Ser escritor é um trabalho solitário
Durante muito tempo o escritor foi visto como aquele ser recluso, que quase não sai de casa, não fala sobre seu trabalho com ninguém e não tem amigos. Pode até ter sido verdade em alguma época – e mesmo atualmente alguns escritores preferem esse comportamento solitário, seja por timidez ou por assumirem essa atitude blasé – no entanto, cada vez mais quem quer ser escritor precisa estar conectado com seus pares. A proliferação de eventos e feiras literárias tem contribuído para isso, já que é um excelente modo de encontrar outros escritores, além de editores, agentes e outros profissionais do mercado editorial. E essas conexões acabam por propiciar oportunidades que, se você continuasse enfurnado sozinho no seu quarto, certamente não apareceriam. E não se esqueça que, com as mídias sociais, fazer networking, estabelecer laços, está cada vez mais fácil.

5. Ao escritor, basta escrever
Assim como a mentira anterior, em alguma era passada isso pode ter sido uma verdade – e conheço muitos casos em que realmente foi. Mas hoje em dia é quase impensável um escritor que não se relacione com outros escritores, não tenha uma presença massiva nas mídias sociais, não frequente eventos literários, não saia para ver e ser visto. Até mesmo na hora de selecionar um original para publicação, não são poucas as editoras que preferem investir em alguém que já tenha seguidores/admiradores, que seja conhecido, mesmo que inédito. Portanto, se você quer ser escritor, não se esconda, faça-se ser visto.

6. A forma mais fácil de ficar rico é ser escritor
Sério que você alguma vez realmente acreditou nisso? É possível contar nos dedos das mãos – talvez de uma única mão – os escritores brasileiros que conseguem viver exclusivamente da venda de livros. Autores consagrados, com contrato exclusivo com uma editora, estão em um patamar diferente: recebem adiantamento para escrever um livro e trabalham recebendo encomendas de livros específicos. Já o grande restante dos escritores ganha apenas o percentual sobre a venda de seus livros (que na maioria das vezes costuma ser de 10%). Então faça as contas para ver se realmente é fácil ganhar o primeiro milhão. É claro que há outras fontes de renda das quais os escritores podem se beneficiar, como palestras, participação em eventos, cursos… receitas indiretas que costumam vir relacionadas ao sucesso da obra. Ou seja, quanto mais conhecido vocÊ for e mais livros vender, mais chances de surjam oportunidades extras de aumentar sua renda. E isso significa também mais trabalho, que vai além de apenas escrever livros. Então, mais uma vez, achou que ser escritor era moleza?

Que outra mentira que você tem ouvido por aí sobre ser escritor?

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Sobre o Autor

Ronize Aline
Ronize Aline

Ronize Aline é escritora e consultora literária. Já foi crítica literária do jornal O Globo, do Rio de Janeiro, e trabalhou como preparadora de originais para várias editoras nacionais. Atualmente orienta escritores a desenvolverem suas habilidades criativas e criarem histórias com potencial de publicação.

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