Como criar uma boa cena de morte

Um cena de morte pode ser uma das cenas mais complicadas de se escrever. É preciso passar toda a emoção do momento, sensibilizar o leitor sem, no entanto, esquecer-se dos detalhes. Há elementos que precisam estar lá, mesmo que de forma sutil, pois dão veracidade ao que está sendo contado. Para quem está planejando incluir uma cena de morte em sua história, seguem algumas dicas que merecem ser levadas em consideração.

 

Dicas para construir uma cena de morte

O medo da morte é um dos maiores medos da humanidade e, apesar de todos nós termos de enfrentá-lo algum dia, estar cara a cara com tal situação – mesmo que em um livro – é capaz de provocar um estremecimento em nossos sentidos. Para obtermos tal resultado em nossas histórias é preciso prestar atenção a algumas questões que às vezes passam despercebidas ao escrevermos uma cena de morte.

 

1. Entenda o mecanismo da morte
Nós morremos porque nossos sistema nervoso se desconecta – e isso pode acontecer de diversas maneiras. De uma forma geral, o sistema cardiopulmonar para e envia uma mensagem para o cérebro desligar; ou o cérebro para e envia uma mensagem para o coração e os pulmões deixarem de trabalhar. E, para que isso aconteça, algumas formas são mais efetivas que outras. Por exemplo, uma bala na cabeça funciona muito bem, já estocadas com faca costumam ser muito demoradas, difíceis de acertar e causam muita bagunça. Por outro lado, venenos são lentos e estrangulamentos, complicados. Então, antes de escrever a cena de morte pense que maneira se mostrará mais efetiva para matar seru personagem e obter o resultado desejado.

 

2. Entenda o tempo da morte
Um corpo morto irá naturalmente ajustar sua temperatura para alcançar o equilíbrio com o ambiente, donde é possível estabelecer o tempo de morte. O estado de decomposição do corpo também deve ser levado em conta quando há demora em encontrá-lo. Mas, para além da questão do corpo, há outros elementos importantes a serem estabelecidos na cena da morte que influenciarão a investigação posterior. Um exemplo é o telefone celular, quase onipresente nos dias de hoje, que pode ser usado para se checar as últimas chamadas ou recados recebidos pelo morto.

 

cena de morte

 

3. Fazendo a identificação do corpo
Há alguns elementos presentes na cena de morte que podem ajudar na identificação do corpo. Entre eles está a análise das digitais, que é super-sensível e, portanto, pode acabar sendo contaminada na cena ou mesmo durante a investigação. A análise do DNA é outra forma de identificar o corpo e é impensável, hoje em dia, uma investigação de cena de morte sem o seu uso.

 

4. Use os cinco sentidos e as três dimensões
É comum nos atermos, em uma cena de morte, ao sentido da visão, prestando atenção apenas ao que conseguimos ver. Esquecemo-nos dos outros sentidos. Que cheiro conseguimos perceber no ambiente, o que sentimos nas superfícies, sons estranhos… Explore os cinco sentidos ao mostrar os elementos presentes na cena. Outra coisa para a qual nem sempre nos atemos são as três dimensões: muitos se esquecem de olhar para cima, deixando passar informações importantes que podem estar ali.

 

5. Livrar-se ou não livrar-se do corpo
Até aqui falamos sobre situações em que o corpo esteja presente na cena de morte. Mas há sempre a possibilidade de o assassino resolver se livrar do corpo, e nesses casos o local que parece ser o mais indicado seria o mar. É preciso, no entanto, considerar se a opção de livrar-se do corpo acrescenta à trama ou apenas introduz um elemento que, à primeira vista, pode parecer interessante mas apenas retardará a narrativa. A presença de um corpo adiciona elementos e recursos dramáticos a serem explorados no texto, portanto cabe pesar os prós e os contras de cada caso.

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Sobre o Autor

Ronize Aline
Ronize Aline

Ronize Aline é escritora e consultora literária. Já foi crítica literária do jornal O Globo, do Rio de Janeiro, e trabalhou como preparadora de originais para várias editoras nacionais. Atualmente orienta escritores a desenvolverem suas habilidades criativas e criarem histórias com potencial de publicação.

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