O que você faria se recebesse uma caixa repleta de papéis? Papel picado, cortado, colorido, amassado… serve para quê? No olhar e nas mãos sensíveis de Sandra Ronca, serve para fazer desabrochar um livro que traz o singelo título de Poemotes, não fossem os versos de uma singeleza arrebatadora. Em seu sétimo livro, que será lançado no próximo domingo no Rio de Janeiro (veja informações mais abaixo), a escritora e ilustradora entrelaça palavras e traços para falar de coisas simples que, na pressa cotidiana, lamentavelmente quase sempre passam pelas frestas dos nossos dias sem percebermos.
Poemotes começa de forma despretensiosa, ou pelo menos é isso que nos diz a autora. “Uma rima bacana/Uma rima engraçada/Mesmo que não sirva pra nada” dá início a uma série de criações que são verdadeiros mimos para o coração. O que dizer de um poemote que diz assim: “Ele, o martim-pescador, cansado de sofrer, mudou de nome. Agora, se chama martim-pescamor”? Também nós gostaríamos de ter a coragem de um martim-pescador e mudar coisas tão importantes na nossa vida, não?
A poesia de Sandra é metade palavra, metade ilustração. E isso não é apenas retórica. As duas metades andam tão juntinhas que é difícil dizer onde termina uma, onde começa outra. Veja só: “Orvalho é xixi de [aqui, no lugar de uma palavra, vemos o desenho de uma flor]”. É rima de rir, de se encantar, de ler e reler e não acreditar. Sandra traz olhares inusitados, mas também desvela o véu que encobre miudezas do cotidiano que vemos sem ver. E esse seu lado ilustradora usou e abusou de tudo que é brincadeira boa: tinta acrílica, guache, aquarela, giz pastel seco e oleoso e colagens.
Mas o encantamento de Poemotes vai além: texto, ilustração e… projeto gráfico. Patrícia Melo trouxe sua delicadeza e sua poesia para criar desse projeto gráfico uma presente para a alma. Uma costura tão perfeita com os poemas e ilustrações de Sandra que é impossível perceber a linha que alinhava todos os elementos. E ao final, com um sorriso por fora e por dentro, pensamos naquela frase lá do início: “Mesmo que não sirva pra nada”. Será? Então vem Cristina Villaça, mais uma artesã das palavras, elucidar esse mistério no seu texto da quarta capa: “Estes poemotes servem para acordar a criança que existe em toda a gente”. Não há como discordar.
Lançamento de Poemotes: 17 de julho de 2016
Horário: 15 horas
Local: Blooks Livraria (Praia de Botafogo, 316 – Estação Itaú de Cinema – Rio de Janeiro)
Poemotes
Texto e ilustrações: Sandra Ronca
Projeto Gráfico: Patrícia Melo
Editora Bambolê, 2016
40 p.
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