“Amor é um livro/Sexo é esporte/Sexo é escolha/Amor é sorte”, canta Rita Lee. Mas sexo também pode ser livro – ou parte dele, mesmo que usado como critério de comparação. É isso que mostra Luiz Cláudio Siqueira em seu livro de estreia, Melhor que sexo, volume de crônicas que lança um olhar bem-humorado, e muitas vezes irônico, sobre os pormenores do cotidiano. Mas se você pensa que em um livro com a palavra “sexo” no título vai encontrar muitas histórias sobre… sexo… essa é a primeira surpresa que terá – várias outras pipocam pelas páginas. O sexo, aqui, está mais como o tal critério de comparação e os temas que recheiam as crônicas são os mais diversos: do envelhecimento à dicotomia beleza/feiura, da solidão à família, entre tantos outros.
Um conto que começa com a seguinte frase, por exemplo, pode despertar as mais ousadas conjecturas: “Ela nunca poderia imaginar que aquela aventura iria deixá-la tão excitada”. Aliás, ousadia é algo facilmente identificável nas 69 crônicas que compõem a obra. Sim, 69, um número ousadamente sugestivo, bem como o próprio título do livro. Nele, o autor desafia o leitor a concordar – ou não – com ele ao trazer experiências as mais diversas para defender a sua afirmação. As crônicas são construídas como um jogo de ilusões, onde nada é exatamete o que parece ser, incitando ainda mais a imaginação do leitor.
São crônicas curtas, duas a três páginas no máximo, daquelas que, quando você percebe, já acabaram, deixando um gostinho de “quero mais” – algo bem sugestivo em se falando de sexo. Alguns dos textos recorrem ao terreno da ficcionalidade assemelhando-se a contos breves, nos quais o autor ousa ir além do olhar atento à realidade, acionando no leitor também o campo do imaginário.
“Acho bonito ver um feio feliz. Acho feio ver alguém que só vive para a beleza.” Luíz Cláudio aponta sua lupa para situações e detalhes que estão bem ali, à nossa frente, mas que na maioria das vezes não prestamos atenção. Situações que são eternizadas em instantâneos da vida real, atraindo o nosso próprio olhar para aquilo que muitas vezes camufla-se em desinteresse. E faz isso com uma linguagem acessível, quase como uma conversa de fim de de tarde entre amigos. “E, para aproveitar a vida ao máximo, nada como saber que há momentos que são impossíveis de recusar: algo bomo um big hambúrguer, por exemplo”, escreve.
A literatura é feita dos pequenos momentos, das vírgulas cotidianas que, transformadas em textos, ocupam o nosso ser causando transbordamento. Com Melhor que sexo, Luiz Cláudio nos oferece seu olhar afiado e nos permite vislumbrar pelo buraco da fechadura os sentimentos comuns ao ser humano, a despeito das possíveis diferenças. Tudo isso de forma leve e fluida. Como o autor mesmo diz: “É a sua história que vem te fazer uma visita nos dias de hoje…”. Ao final do livro, somos impelidos a ressoar o autor na escolha do título ao percebermos o quanto a vida nos dá – e nem sempre percebemos – que pode ser tão bom ou melhor que sexo.
Melhor que sexo!
Luiz Cláudio Siqueira
Rio de Janeiro: Autografia, 2017
182 páginas
ESCREVA HISTÓRIAS INESQUECÍVEIS
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